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Curso Direito e Desenvolvimento debate liderança e novos temas da carreira

Aulas, focadas em debates, fizeram um contraponto ao Direito que é estudado nas faculdades

Escrito por: Alexandre Leoratti

30/05/2018 07:16 – Atualizado em 30/05/2018 às 15:13

Advogados e bacharéis que se enfileiram nos bancos da faculdades brasileiras costumam pensar que o efeito de suas atuações recai sobre os casos dos quais participam – ou participarão. Mas a intersecção entre Direito e desenvolvimento, que fica patente em decisões judiciais, não é usual no cotidiano das salas de aulas.

É com o espírito de trazer esses temas à tona que o curso Direito e Desenvolvimento fomenta o debate sobre o desenvolvimento nacional com ênfase na atuação do Poder Judiciário. A ideia é debater, com estudantes de Direito da graduação e  do mestrado, como as decisões tomadas na esfera pública impactam na sociedade como um todo, e propiciar aos participante uma iniciação em liderança adaptativa.

Lançado em 2016 pela startup ELLIF (Empreendedorismo, Liderança, Inovação e Futuro), focada em educação, eventos e conteúdo, e pelo Centro de Lideranças Públicas (CLP), o programa de formação de futuras lideranças do Judiciário está em sua sétima edição.

Na última delas, realizada do dia 24 a 26 de maio, em São Paulo, foram apresentados temas como as intervenções do Judiciário nas políticas de cotas em universidades Federais, políticas de distribuição de medicamentos pelo estado, privacidade digital, proteção de dados, regulamentação de plataformas digitais, além de abordar a formação de habilidade de liderança durante a carreira.

Entre os palestrantes e debatedores, participaram nomes da economia e do Direito nacional, como o economista Gesner Oliveira, professor da Fundação Getúlio Vargas, Guilherme Dominguez, especialista e mestre em Direito Administrativo, a psicóloga Sandra Betti, especialista em gerenciamento de carreiras, o economista Paulo Tafner, que estuda há décadas os números da Previdência Social, o advogado Caio Longhi e o historiador Vinícius de Bragança Muller e Oliveira.

De acordo com Guilherme Dominguez, coordenador e professor do Direito & Desenvolvimento, a ideia do curso é discutir, por meio de debates, temas que não são comuns em aulas das faculdades, como é o caso da transformação do Direito e seu impacto na sociedade, liderança profissional e novas tecnologias.

“Apresentamos discussões multidisciplinares com foco jurídico. Entretanto, também recebemos economistas e historiadores, para trazerem vínculos históricos dos temas tratados, e grandes líderes no mercado, que mostram suas histórias de vida e carreira”, diz Dominguez.

Ele destaca a complementação que o conteúdo proporciona aos alunos de graduação de Direito. “O curso faz um contraponto ao Direito que é estudado nas faculdades. Alguns professores ainda partem de uma perspectiva descritiva e sem interação. A nossa intenção é afastar o debate ideológico e puramente teórico, apresentando pesquisas e discussões de alto critério científico”, declara.

O coordenador explica que o projeto é ideal para alunos de Direito que pretendem seguir carreiras públicas, ou no terceiro setor. “O curso é para pessoas engajadas, com vontade de usar o Direito como forma de transformação e desenvolvimento da sociedade”, afirma.

Em um ano, o projeto teve 628 pessoas inscritas e 14 docentes convidados, como Carlos Ari Sundfeld, Fábio Barbosa e Luiz Felipe D’Ávila. A última edição contou com 31 participantes de diversos estados, como Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. Para o segundo semestre, a organização do curso pretende voltar a realizar uma edição no Rio de Janeiro e também estuda a possibilidade de fazer edições em Florianópolis.

As inscrições para os próximos cursos podem ser realizadas no site oficial do projeto. A seleção dos alunos é feita com base nos currículos e também em vídeos produzidos pelos interessados para explicar o interesse em participar do projeto. O curso é gratuito.

Para Dominguez, o Direito e Desenvolvimento permite mostrar aos alunos como o Direito pode interagir com outros campos e áreas, como a economia, e gerar impacto na formulação de políticas públicas.

“Não é possível estudar Direito somente fechado em uma caixa ou entre os tradicionais livros de conhecimento. É necessário abrir outros campos, formular políticas públicas, fazer um esforço para estabelecer rigor científico nas discussões jurídicas”, declara.

Direito 4.0

O professor do Direito e Desenvolvimento Caio Longhi, responsável pelo tema  “novas interações entre público e privado e o papel do Poder Judiciário nos contenciosos regulatórios”, explica que a multidisciplinaridade faz parte do “Direito 4.0”, como classificou a nova geração de advogados que atuam em uma profissão impactada pelo avanço tecnológico.

“O advogado moderno não pode entender só do Direito, e sim de múltiplas áreas. É preciso entender sobre internet, funcionamento da rede social, economia. Como um profissional pode atuar em um caso de recuperação judicial sem entender sobre economia?”, explica Longhi.

Como dica aos novos advogados, Longhi recomenda que saibam se comunicar de forma curta e eficiente, principalmente pelas redes sociais. “O advogado hoje não fica sentado somente esperando uma consulta, ele possui rede social, se comunica via WhatsApp”, declarou. Ele também explica para que os novos profissionais tenham uma “visão empresarial” do Direito.

“É preciso trabalhar a favor do negócio. Por isso, nas aulas, falo de empresas inovadoras por onde já trabalhei, fazemos orientações de carreira, conversamos sobre liderança. Os escritórios esperam essas habilidades dos novos advogados”, diz Longhi.

Senso Crítico

Marcelle Rodrigues dos Santos, analista de políticas públicas do Sebrae Rio de Janeiro, se inscreveu no curso ao saber que teria a oportunidade de se aprofundar sobre temas que falam sobre liderança. “Os debates contribuem para a formação do nosso senso crítico. Conseguimos ter uma nova visão sobre o Direito, saindo dos temas padrões”, afirmou.

O curso a ajudou, segundo ela, a entender como as novas tecnologias e o Direito podem impactar na formação de novas políticas públicas para o desenvolvimento regional.

A advogada Juliana Coelho dos Santos, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acredita que o Direito e Desenvolvimento ampliou sua visão sobre temas relacionados à área jurídica.

“O fato de fomentar questionamentos e deixar perguntas aparentemente ‘sem resposta’, traz aos ouvintes uma certa inquietação e vontade de seguir adiante nas temáticas, o que é essencial para advogados e profissionais que atuam na área do Direito”, explica.

Link: https://www.jota.info/carreira/direito-desenvolvimento-30052018